segunda-feira, 1 de julho de 2013

Menino é menino. Moleque é moleque.

Há uma diferença entre ser menino e ser moleque. Tem gente que acha que não tem, mas tem. E é grande.

O menino era dado a paixões. Amar é uma prioridade sempre. Logo cedo ele ouviu de uma tia que a vida sem amor é uma m... Ele acreditou e passou a vida inteira buscando a quem amar. Apaixonou-se muitas vezes, ao ponto em que as pessoas não acreditavam que ele estivesse realmente apaixonado. Eram comuns as brincadeiras, gente que perguntava: - E aí? Amando? Apaixonado por quem agora? Qual o nome da vítima? E assim por diante. Aquilo machucou o menino enquanto ele foi menino. Depois parou de se importar. Ele e a pessoa por quem ele estava apaixonado sempre sabiam que ele acreditava que era amor de verdade. Mesmo que durasse pouco.

O tempo, na vida sentimental do menino, sempre correu diferente. O tempo existia enquanto ele acreditasse no sentimento e deixava de existir no momento em que ele deixava de acreditar. O infinito que Vinicius falava era muito natural para ele. Os de fora nada entendiam. Como é que pode ele namorar desse jeito? E ele virava tema de conversas, alvo de críticas e modelo do que não fazer. No fundo aquilo incomodava um pouco ele, mas ele era o que ele era, nem mais nem menos.

Um dia, ele se viu novamente sem amar e cercado de pessoas interessadas ou curiosas em estar com ele, em experimentar ele. Que sensação estranha. Era quase como se ele fosse uma marca de biscoito novo no supermercado à disposição de quem quisesse provar. Ávido por amar e, antes, por ser amado, ele quase se entregou e quase começou algumas histórias de paixão. Mas naquele dia ele resolveu pensar um pouco mais.

- Por que eu deveria repetir padrões que nunca me levaram a lugar nenhum?

Olhou pra trás e contou nos dedos das mãos as pessoas que ele realmente amou. Amou pra valer, com direito a olhares cegos de paixão, com direito a passeio de mãos dadas, a café na cama, a noites em claro conversando, a viagens inesperadas, a surpresas, a carinhos imensos de tão pequenos, a sintonia de um pensar e o outro falar. Concluiu que apesar de ter se apaixonado muito, ele amou pouco.

A carência e a certeza de que um dia ele ainda vai encontrar a paz no amor sempre o empurraram para novas tentativas. E assim, por querer acreditar, ele acreditava e logo se via perdido naquilo que não era amor, apesar de parecer muito com ele.

Se deu conta que só ele era capaz de mudar esse círculo vicioso. Que havia um padrão de comportamento que ele seguia e que o levava sempre aos mesmos lugares, com o mesmo gosto amargo no final de cada história.

As pessoas não vão acreditar em você. Pensou ele com ele mesmo. Até sua melhor amiga é capaz de dizer que você não aguenta mais do que duas semanas sozinho. Quer saber... tanto melhor. Não preciso mesmo explicar nada para ninguém. Não estou devendo nada a ninguém. Saí de uma relação linda com uma pessoa linda e não vou parar de acreditar nos valores que sempre acreditei só porque não deu certo.


E seguiu pensando, mesmo sem saber como lidar com sua expectativa de menino de que o amor sempre encontra seu caminho.

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