- Já tava na hora de você encarar um amor maduro, não é!?!
- Amor maduro? Acho que isso não existe.
Assim começou a conversa que se desenrolaria ou se enrolaria. Logo de
cara ficou claro que os dois pensavam de modos bem diferentes. Um dizia que o
amor maduro é aquele que sobrevive à falta de paixão, que é movida por ideais
comuns, por uma cumplicidade de vida, pelo companheirismo. E o menino dizia que
só isso não fazia sentido para ele.
- Acho que tive apenas um amor maduro, como você chama, na vida. Foi
minha ex-mulher. Com ela tive uma relação madura, comprometida, companheira e
cúmplice – principalmente por conta da nossa filha. Mas foi só.
- E não é isso o que você está procurando agora?
Não era.
Para ele o amor é infantil, nunca inconsequente ou irresponsável, mas
sempre infantil. Amar, embora não possa ser precisado, é uma forma de viver
infantilmente, com um permanente sopro de vida forte no coração, com eternos
frios na barriga, com paixão, com loucuras, com intensidade.
- Mas não há paixão eterna. Acredito em picos de paixão, mas não dá pra
imaginar que um relacionamento seja sempre repleto de momentos de amor e
paixão.
- Pode até ser que haja mesmo os tais picos. É verdade que em alguns
momentos um simples nascer do sol, um simples caminhar na praia, uma simples
música sejam capazes de despertar a paixão com uma intensidade ainda maior. Mas
o amor é feito principalmente disso. É isso o que precisa ser buscado o tempo
todo.
O outro não entendia. O menino já havia passado por vários
relacionamentos. Tinha sido casado. Tinha amado grandes amores. Como era
possível que ele não entendesse que o amor tinha que ser maduro, bem escolhido,
bem cuidado, bem tratado.
O menino entendia.
- Prefiro pagar o preço de errar mais vezes do que me contentar com
menos do que o máximo. Acredito que em algum lugar exista alguém com quem eu
seja capaz de me emocionar sempre, que tenha paixão para trocar todos os dias,
que respire a intensidade do amor da mesma forma que e respiro.
- Acorda!!!
- Estou acordado. O que estou dizendo é que, se eu encontrar essa
pessoa, serei capaz de viver o amor mais maduro, mais cuidado, mais
comprometido, mais companheiro, mais cúmplice, mais bem tratado e mais preservado
possível. E também serei capaz de viver a paixão mais intensa, os momentos mais
felizes, as alegrias mais escrachadas, os sorrisos mais largos e é só isso o
que eu procuro.
O outro quase teve pena do menino, mas parou de falar por um instante e
se permitiu imaginar que o sonho do menino pudesse ser real. Suspirou um
suspiro fundo e desejou sorte.
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