domingo, 11 de agosto de 2013

Gente Nova


Música ao fundo. Qualquer música, não importa. O menino acordou com vontade de ser surpreendido pelos sons. Acordou pensando no que a vida estaria preparando para ele dessa vez. Tinha a sensação de que as coisas estavam todas mudando de lugar. Era como se o certo de ontem fosse a dúvida de ontem e como se a dúvida de ontem fosse uma certeza absoluta hoje.

De uma hora para outra conheceu muita gente e, surpreendentemente, elas pareciam vindas para ficar. É sempre assim? A gente percebe que o mundo vai fazer uma manobra radical e, de repente, pessoas novas e interessantes surgem de todos os lados?

Pessoas surgem de formas improváveis. Você pode estar apenas navegando na internet e, do nada, conhecer alguém que aparece numa janela de bate-papo. A pessoa se apresenta. Você se apresenta. Então ela começa a dizer o que pensa sobre você. Como assim? A pessoa tem uma opinião formada? Curioso. Você dá corda e a conversa emenda em outras conversas, e quando você se dá conta, está falando de assuntos íntimos, se expondo sem sombras, mostrando textos e fotos que lhe são caros. E surge uma amizade. Sim, é possível que seja apenas uma amizade. Mesmo que haja certa dose de sedução leonina aqui, outra ali.

Você combina terminar sua semana no seu boteco preferido com a sua amiga preferida e de repente surgem amigos que você já não via há tempos e vão se sentando na sua mesa que cresce. Com eles mais e mais pessoas novas vão surgindo. Você percebe que está com quase vinte pessoas. O papo anima. A bebida desce fácil e, sem que ninguém se dê conta, seus olhos cruzam outro par de olhos lá do outro lado da mesa e pronto. Você quer conhecer, saber quem é, conversar, rir. Não, você não quer se apaixonar e nem mesmo começar outra história de amor à primeira vista. Tudo o que você quer é conhecer o par de olhos e torcer pra que eles enxerguem você como você é. E a bebida continua descendo fácil, sem que a noite pareça ter fim.

Sábado à tarde. Disposição para mais alguns poucos chopps em um boteco do Leblon. Você vai com uma amiga de todas as horas e o boteco está cheio. Encontra os amigos dos amigos que lhe oferecem companhia e um pedaço de mesa para apoiar o copo. A conversa anima. Eles apresentam amigos dos amigos dos amigos e você, que só ia comer um salgadinho e tomar uns dois ou três chopps, emenda um no outro e em outro e quase no final da tarde está em conversas super animadas com um casal que demonstra um carinho raro entre eles e com outro mais novo amigo de infância que você já esbarrara tantas vezes em tantos botecos que era como se já o conhecesse.


É tanta gente chegando junta. Tanta vida pra conhecer. Tanto sentimento pra adivinhar. Tantos momentos que entre uma música e outra, duas canecas de café e um cigarro, o menino agradece a Deus a sorte de ser quem é.


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