quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Anjo de Guarda


Sua avó materna tinha verdadeira paixão pelo Anjo de Guarda. Dizia sempre que ele devia pedir ao seu Anjo tudo aquilo que desejasse desde que fosse justo. Contava que o Anjo estava sempre ao seu lado e que era ele que evitaria qualquer problema mais sério.

Havia uma oração para ele, havia uma pequena imagem que ficava ao lado de sua cama. Havia sempre a presença do Anjo nos dias de menino. A oração, ele não conseguia decorar, mas nem por isso deixava de conversar com seu Anjo. Todas as noites, o ritual era sagrado: primeiro uma Ave Maria, depois um Pai Nosso, depois um bate papo com Deus, com quem o menino possuía grande intimidade e por fim uma conversa íntima com o Anjo de Guarda.

Contava como foi o dia. O que fez e o que deixou de fazer. O que descobriu de novo e o que não entendeu. Contava sobre as pessoas que conheceu e sobre as atitudes que tomou. Sabia que o Anjo havia estado ao seu lado todo o dia, por isso mais comentava do que contava. Dizia coisas como: - Você viu só aquela hora em que atravessei a rua? Tomei o maior cuidado e mesmo assim o carro quase me pegou. Ainda bem que você estava lá, obrigado!

O menino era assim. Sempre que sozinho, fosse onde fosse, permitia-se conversar com anjos, enxergar milagres, testemunhar mágica, presenciar seres imaginários frequentando o seu mundo. A ele, tudo era permitido.

O tempo passou, mas nem por isso ele deixou de rezar o tanto que rezava na infância. Nem por isso deixou de conversar com seu Anjo de Guarda, nem por isso deixou de ser menino. 

Ainda ontem a noite ele o chamou para conversar. Uma conversa diferente, é verdade. O menino queria agradecer o tanto que o Anjo já tinha feito por ele. Queria dizer que era bom saber que ele estava do lado. Perguntou ao Anjo o que aconteceria quando ele morresse. Será que o Anjo ganharia novo protegido? Será que ele se tornaria aprendiz de Anjo de Guarda e viria trabalhar para ajudar os outros? Riram, ele e seu Anjo. E o sono chegou, e ele rezou:

Santo anjo do Senhor,
meu zeloso guardador,
já que a ti me confiou,
a piedade divina,
sempre me rege, me guarde,

me governa, ilumine.


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