Ando confuso. Ando pensando em tudo o que há para
ser vivido e nas escolhas que faço e nas que deixo de fazer. Acho que é um
momento novo. Transformações a caminho. Saturno passando. Sei lá.
Só sei que não sei de nada. Sei que as certezas de
ontem são as dúvidas de hoje. Sei que existe uma vida pulsando lá fora com uma
intensidade rara. Sei que não há escolha quando o assunto é encarar e viver. Mas,
na verdade, só sei que não sei de nada.
Meu coração pulsa todos os dias. Parece o mar. Tem dias
em que ele tá tranquilo, me convida para nadar ou quem sabe andar numa dessas
pranchas de stand-up. Tem dias em que ele está transparente, enxergo o fundo
com uma nitidez única, vejo passarem os peixes, admiro as conchas e com sorte
consigo ver até uma estrela. Em outros dias fica tudo turvo, não vejo nada. Às vezes
o mesmo mar, tão querido, fica mexido, entra em convulsão e pulsa em ondas
desencontradas, ora grandes demais, ora pequenas demais. Nesses dias é melhor
só olhar. Mas o mar e o coração guardam segredos. Eu posso tentar entende-los,
mas mais não posso.
Ando confuso. Separar o que eu quero do que esperam
de mim é uma imensa dificuldade. Quando recebo um carinho desejado devolvo em
dobro, fascinado pelo sentimento que não é meu. Mas um carinho gera outro que
gera outro e assim por diante até que eu não saiba mais o que me pertence nem o
que eu quero. Minha necessidade de aprovação e aceitação ganha contornos incertos.
Consigo entender o que a outra pessoa espera, consigo entregar, consigo ser
aceito e aprovado. O que não consigo é saber se são essas a aceitação e aprovação
que eu estava buscando.
Não é por mal, nem é pensado. Apenas é assim que
reajo aos desafios emocionais que se apresentam todos os dias. Coisa de menino.
Coisa de menino confuso. Coisa de menino confuso que sofre com isso. A
possibilidade do erro essencial dá medo. O medo é o princípio do fim. E, para
evitar o medo e os erros essenciais melhor seria se eu não vivesse. Melhor seria
ficar em casa pensando no amor que ainda não senti, no carinho que ainda não
fiz, no momento que não vivi. E quando penso assim o coração fica mexido que
nem mar em dia de ressaca. Me desespera a perspectiva de não viver.
Ando confuso. Ando pensando sobre sentimentos e
isso não é bom. Só seria bom se fosse possível sentir meus pensamentos. Mas isto
não existe. E por isso, sigo confuso.
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