Vai começar outra viagem. O menino adora os momentos em que se desliga
de tudo. Não precisa fazer o dever de casa. Não vai ter prova. Não terá que
estudar para a chamada oral. Tempo e hora de relaxar. O menino vai para os braços
serenos de Yemanjá. De praia em praia visitando águas curiosamente diferentes,
vai ver peixes de tamanhos e formas distintas, pisar na areia fofa e na areia
dura com o mesmo prazer. Vai furar ondas. Vai prender o fôlego para ir mais
fundo de olhos abertos em busca do desconhecido. Tempo de fantasia, hora de
sorrir feito criança.
Pegar a estrada é das melhores coisas da vida. A única coisa que ele
sabe é que vai chegar. Sabe que os dias podem ser generosos e dar a ele dias de
sol e noites de lua. Sabe que os dias e noites podem ser de chuva e de vento. E
sabe que, seja como for, ele vai levar o sorriso no rosto. O menino acredita no
destino e acha importante dar ao destino, vez por outra, uma chance dele se
manifestar. É simples, basta não querer comandar tudo e deixar as coisas
acontecerem da maneira que acontecem. É como dirigir sem as mãos no volante.
Mas ele já sabe seu roteiro. Vai pela terra, beirando o mar. Pega a
estrada que liga a cidade que ama a cidade onde seu pai nasceu. A primeira
parada é na Vila dos Reis Magos que tem N. Sra. da Conceição como padroeira e
uma grande ilha bem de fronte. Lá, vai passear de barco, procurar cachoeiras,
mergulhar em águas limpa e buscar a companhia das tartarugas que nadam rápido e
que fazem com que ele sinta-se ainda mais menino. De lá para o último destino
da estrada real, onde as pedras fazem o caminho das águas pelas ruas em que se
caminha com cuidado. Lá onde o Brasil é mais colônia, mais Brasil. Por perto
matas e praias lindas vão receber sua visita. Depois a cidade de nome indígena,
de litoral grande e belo, abusadamente belo. Lá, visitas ao mar, à praia e aos
restaurantes de pescadores que sabem consertar redes de pesca. Vai matar
saudades dos tempos idos em que frequentava a região com amigos e primos de
risadas generosas e histórias muitas. A última parada antes do destino final é
a bela ilha, um lugar que mistura várias cidades em uma só. Paraíso dos
borrachudos e da exuberância da natureza. Balsa pra lá, balsa pra cá e no final
segue para ver sua mãe, razão da viagem e porto seguro de qualquer viagem.
O menino não vai só. Vai levar a menina que ama. Vai ouvindo música
alta. Vai devagar porque é no caminho que está a felicidade. Vai atento às
curvas e a tudo o que acontece na beira da estrada. Nessa viagem, a estrada do
sonho cruza a estrada real. E ele acha graça e segue seu caminho feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário