segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Carta Aberta

Querida mulher invisível,

Puxa, quanto tempo que não falamos. Quanta coisa aconteceu. Um ano!!! Muito tempo que não venho ao teclado despejar palavras que soltas deveriam estar presas (isso é de um livro que eu ganhei).

Na última vez que trocamos palavras, estava indo viajar com meu irmão. A viagem podia ter sido melhor, mas foi bacana apesar das pequenas bobagens e brigas. Lá me encantei por uma moça e quase comecei uma nova história. O fato é que antes dela voltar ao Brasil conheci outra mulher, mais bacana, mais especial, mais a minha cara e me apaixonei novamente. Entrei de cabeça, do único jeito que eu sei fazer e juntos ficamos até agora. 

O namoro acabou, mas não vim falar sobre isso. Vim dizer que cresci! Aprendi um monte de coisas que não teria aprendido se ainda estivesse completamente preso a você como estive por tanto tempo. A coisa mais bacana que aprendi é que a alma cresce. Você sabia!?! Eu não tinha me dado conta. Acho que a maior parte das pessoas fica pensando se existe ou não a alma e não se dá conta do que anda fazendo com ela. Descobri que a alma se alimenta de amor. A cada vez que o amor chega, a alma cresce, fica maior e mais bonita. É muito bom saber isso, ter certeza disso! O melhor exemplo são os filhos. Mesmo só tendo uma, aprendi no momento que ela nasceu que eu me transformei imediatamente em outra pessoa. Minha alma cresceu numa explosão de amor que nunca tinha sentido antes e nunca senti depois. Mas se eu tivesse outro filho, tenho certeza de que a alma cresceria da mesma forma novamente. Desculpe falar de filhos, sei que o assunto dói em você, mas é só o exemplo, ok!?

Aprendi que os amores tem essa capacidade também. Claro que não é qualquer beijo na boca que transforma a alma em algo maior. Mas os amores trazem uma nova dimensão à alma e ela cresce, se transforma, evolui. Tem que ter o maior cuidado pra não matar isso, não expulsar o sentimento porque talvez ela volte a diminuir, não sei ao certo, nem quero descobrir. O fato é que me sinto maior hoje. Sinto minha alma viva, pulsando amor, pronta para dar amor e a receber o amor de uma forma diferente do que jamais senti. Meus relacionamentos não morrem: transformam-se. Todas as pessoas para quem eu disse “eu te amo” na vida, continuam vivas e amadas por mim. E como com os filhos, não existem dois amores iguais. Cada um tem seu papel na minha vida.

Com isso, descobri que eu estava errado quando disse que me sentia um livro na sua estante, que você um dia parou de ler porque o capítulo estava chato e foi ler outra coisa. As pessoas não são livros isolados. Na verdade nem leitores nós somos. Somos autores de um único livro possível, o das nossas próprias vidas. E eu entrei na sua como uma personagem que teve seu momento e seu papel. Você entrou na minha como um ponto fundamental de transformação. Teve quase o mesmo efeito na minha alma que o nascimento da minha filha querida. Descobri outra dimensão na alma e por isso sou e serei, para sempre, agradecido.

Os únicos outros livros são os romances que escrevemos juntos com quem quer escrever junto com a gente. Esses não se escrevem sozinho, não tem como.

Meu grande conflito foi matar você. Eu achava que precisava matar meu sentimento porque acreditei que se eu não fizesse isso, ele é que poderia me matar. A boa notícia é que ele não tem esse poder. Meu sentimento não me matará, ele me fará melhor e maior. E o grande livro da vida segue em frente.

Outro aprendizado: sou um manipulador emocional inconsciente! Risos... Eu explico: descobri que o que me faz mais diferente é a minha entrega e doação. Ao contrário do normal das pessoas, eu não meço os riscos de uma relação, apenas entrego todo o meu sentimento com a maior intensidade possível na busca desesperada de ser aceito, aprovado, acolhido. Insegurança pura.

Só que quando faço isso acabo impondo uma regra básica nessa relação: se eu estou dando tudo, você precisa dar tudo também. E isso é pesado demais. Fazer loucuras de amor fascina, mas demanda que a outra pessoa também as faça, mesmo que ela não tenha a menor ideia de como é que se faz isso. As reações são as mais diferentes, mas sempre passam pela insegurança que isso gera. É quando a pessoa se sente julgada e avaliada por tudo o que faz porque ela julga e avalia tudo o que eu faço e me coloca num nível que ela não conhece. Essa insegurança é ruim, gera questões e conflitos e acaba por ter um efeito contrário. Doido isso. Em resumo: a minha insegurança faz com que eu dê demais e isso acaba gerando insegurança na outra pessoa e os conflitos que levam o relacionamento ao fim.

Soltem os foguetes. Entendi isso claramente como nunca antes na história desse menino poeta.

Só que não...

Eu não tenho a menor ideia de como ser diferente disso, porque eu gosto de ser assim. Gosto de dar o meu melhor por inteiro, com toda a intensidade do mundo, passando por todas as dimensões possíveis do meu amor e da minha alma. Eu não quero dar menos. Quero dar por outra razão, não mais para ser aceito, mas para trocar por inteiro. E aí é que mora a expectativa da mulher ideal. O mínimo que eu espero é o máximo que ela puder me dar. Nem um pedacinho a menos.

Acho que, tendo aprendido isso tudo, fica mais simples resistir às tentações dos amores de ocasião. Pessoas que aparecem na minha vida como se tivessem saído de uma historinha de sessão da tarde e acham que eu sou o tal do príncipe encantado que elas ouviram falar nos contos de fada. O amor de verdade não passa por aí, nem por perto disso. O máximo que isso gera sou eu me transformando no “homem invisível” dessas pessoas. Haja banho de sal grosso e galhos e galhos de arruda.

Estou me sentindo melhor com essas “descobertas” todas. Me sinto mais pronto para viver o que eu acredito, mais seguro nas minhas escolhas, mais preparado para não entrar nas roubadas. Uma vez me disseram que as pessoas nem desconfiam que eu sou só um menino procurando a minha família. É isso mesmo, no fundo, no fundo: sou só um menino com alminha de poeta, procurando minha família, a família que quero construir do lado de uma menina, com alminha de poeta e que também busque o que eu busco sem medo de ser quem for por inteiro ao meu lado.


Beijos,

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