Querida mulher invisível,
Puxa, quanto tempo que não falamos. Quanta coisa aconteceu. Um ano!!! Muito
tempo que não venho ao teclado despejar palavras que soltas deveriam estar
presas (isso é de um livro que eu ganhei).
Na última vez que trocamos palavras, estava indo viajar com meu irmão. A
viagem podia ter sido melhor, mas foi bacana apesar das pequenas bobagens e
brigas. Lá me encantei por uma moça e quase comecei uma nova história. O fato é
que antes dela voltar ao Brasil conheci outra mulher, mais bacana, mais especial,
mais a minha cara e me apaixonei novamente. Entrei de cabeça, do único jeito
que eu sei fazer e juntos ficamos até agora.
O namoro acabou, mas não vim falar sobre isso. Vim dizer que cresci!
Aprendi um monte de coisas que não teria aprendido se ainda estivesse
completamente preso a você como estive por tanto tempo. A coisa mais bacana que
aprendi é que a alma cresce. Você sabia!?! Eu não tinha me dado conta. Acho que
a maior parte das pessoas fica pensando se existe ou não a alma e não se dá
conta do que anda fazendo com ela. Descobri que a alma se alimenta de amor. A cada
vez que o amor chega, a alma cresce, fica maior e mais bonita. É muito bom
saber isso, ter certeza disso! O melhor exemplo são os filhos. Mesmo só tendo
uma, aprendi no momento que ela nasceu que eu me transformei imediatamente em
outra pessoa. Minha alma cresceu numa explosão de amor que nunca tinha sentido
antes e nunca senti depois. Mas se eu tivesse outro filho, tenho certeza de que
a alma cresceria da mesma forma novamente. Desculpe falar de filhos, sei que o assunto
dói em você, mas é só o exemplo, ok!?
Aprendi que os amores tem essa capacidade também. Claro que não é
qualquer beijo na boca que transforma a alma em algo maior. Mas os amores
trazem uma nova dimensão à alma e ela cresce, se transforma, evolui. Tem que
ter o maior cuidado pra não matar isso, não expulsar o sentimento porque talvez
ela volte a diminuir, não sei ao certo, nem quero descobrir. O fato é que me
sinto maior hoje. Sinto minha alma viva, pulsando amor, pronta para dar amor e
a receber o amor de uma forma diferente do que jamais senti. Meus relacionamentos
não morrem: transformam-se. Todas as pessoas para quem eu disse “eu te amo” na
vida, continuam vivas e amadas por mim. E como com os filhos, não existem dois
amores iguais. Cada um tem seu papel na minha vida.
Com isso, descobri que eu estava errado quando disse que me sentia um
livro na sua estante, que você um dia parou de ler porque o capítulo estava
chato e foi ler outra coisa. As pessoas não são livros isolados. Na verdade nem
leitores nós somos. Somos autores de um único livro possível, o das nossas próprias
vidas. E eu entrei na sua como uma personagem que teve seu momento e seu papel.
Você entrou na minha como um ponto fundamental de transformação. Teve quase o
mesmo efeito na minha alma que o nascimento da minha filha querida. Descobri outra
dimensão na alma e por isso sou e serei, para sempre, agradecido.
Os únicos outros livros são os romances que escrevemos juntos com quem
quer escrever junto com a gente. Esses não se escrevem sozinho, não tem como.
Meu grande conflito foi matar você. Eu achava que precisava matar meu
sentimento porque acreditei que se eu não fizesse isso, ele é que poderia me
matar. A boa notícia é que ele não tem esse poder. Meu sentimento não me
matará, ele me fará melhor e maior. E o grande livro da vida segue em frente.
Outro aprendizado: sou um manipulador emocional inconsciente! Risos... Eu
explico: descobri que o que me faz mais diferente é a minha entrega e doação.
Ao contrário do normal das pessoas, eu não meço os riscos de uma relação,
apenas entrego todo o meu sentimento com a maior intensidade possível na busca
desesperada de ser aceito, aprovado, acolhido. Insegurança pura.
Só que quando faço isso acabo impondo uma regra básica nessa relação:
se eu estou dando tudo, você precisa dar tudo também. E isso é pesado demais. Fazer
loucuras de amor fascina, mas demanda que a outra pessoa também as faça, mesmo
que ela não tenha a menor ideia de como é que se faz isso. As reações são as
mais diferentes, mas sempre passam pela insegurança que isso gera. É quando a
pessoa se sente julgada e avaliada por tudo o que faz porque ela julga e avalia
tudo o que eu faço e me coloca num nível que ela não conhece. Essa insegurança
é ruim, gera questões e conflitos e acaba por ter um efeito contrário. Doido
isso. Em resumo: a minha insegurança faz com que eu dê demais e isso acaba
gerando insegurança na outra pessoa e os conflitos que levam o relacionamento
ao fim.
Soltem os foguetes. Entendi isso claramente como nunca antes na
história desse menino poeta.
Só que não...
Eu não tenho a menor ideia de como ser diferente disso, porque eu gosto
de ser assim. Gosto de dar o meu melhor por inteiro, com toda a intensidade do
mundo, passando por todas as dimensões possíveis do meu amor e da minha alma.
Eu não quero dar menos. Quero dar por outra razão, não mais para ser aceito,
mas para trocar por inteiro. E aí é que mora a expectativa da mulher ideal. O mínimo
que eu espero é o máximo que ela puder me dar. Nem um pedacinho a menos.
Acho que, tendo aprendido isso tudo, fica mais simples resistir às
tentações dos amores de ocasião. Pessoas que aparecem na minha vida como se
tivessem saído de uma historinha de sessão da tarde e acham que eu sou o tal do
príncipe encantado que elas ouviram falar nos contos de fada. O amor de verdade
não passa por aí, nem por perto disso. O máximo que isso gera sou eu me
transformando no “homem invisível” dessas pessoas. Haja banho de sal grosso e
galhos e galhos de arruda.
Estou me sentindo melhor com essas “descobertas” todas. Me sinto mais
pronto para viver o que eu acredito, mais seguro nas minhas escolhas, mais
preparado para não entrar nas roubadas. Uma vez me disseram que as pessoas nem
desconfiam que eu sou só um menino procurando a minha família. É isso mesmo, no
fundo, no fundo: sou só um menino com alminha de poeta, procurando minha
família, a família que quero construir do lado de uma menina, com alminha de
poeta e que também busque o que eu busco sem medo de ser quem for por inteiro
ao meu lado.
Beijos,
Nenhum comentário:
Postar um comentário