quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Folha em Branco


Tão desafiadora que nem sei bem como começar. Olho para ela e ela olha para mim de volta, com total indiferença. Paro e penso que talvez versos sejam o ideal, penso mais um pouco e a prosa chega mais perto e com mais vontade. A folha em branco é como uma mulher que sabe o que quer e que não aceita menos. Altiva, imaculada e decidida e fazer do seu destino o pouso de letras e palavras que pelo menos façam sentido. E eu, meio perdido, olho de frente e de lado e não encontro o sentido certo das linhas que quero traçar.

Por que é mesmo que eu escrevo? Ah sim, para dar forma aos pensamentos que não encontram mais espaço para ficar dentro de mim. É pela simples necessidade de me expressar. É porque eu acredito que não faz sentido guardar só pra mim as coisas que penso e também porque acho que não sou o único a pensar o que eu penso.

Mas, como surge a ideia? Eu acredito sincera e honestamente que “ideia” é uma energia que circula livremente pelo ar, à altura das nossas mentes. Ninguém é dono de nenhuma ideia, somos apenas os veículos capazes de “dar terra” a essa energia. Somos condutores dessa energia e a modelamos de acordo com a nossa capacidade. Algumas ideias que passam por mim, por exemplo, deveriam ser quadros, mas eu não sei pintar então escrevo. Outras são músicas, claro que são músicas, mas de que isso adianta se eu não sei tocar nenhum instrumento e nem compor letras? Ideias não surgem, passam.

E na hora de colocar as tais ideias no papel? Como é que se faz? Acho esse o momento mais fácil e simples. Basta sentar na frente de um computador e deixar os dedos baterem nas teclas. Se preferir a velha e boa caneta ou o velho e bom lápis, sem problemas. Recomendo apenas que você não se meta no caminho da ideia. Elas são muito intolerantes e não querem saber da sua opinião. Querem passar, chegar logo ao ponto final percorrendo o caminho necessário para existirem. Tenha, portanto, certeza de que você não interferiu demais. Dê uma relida em tudo. Conserte as vírgulas, os acentos, os parágrafos, mas não se meta nos caminhos da ideia.

Então é assim? Pegou a ideia, conduziu seu caminho pela folha e pronto! Acabou?

Não. Definitivamente não. A ideia é uma energia tão especial e bonita quanto um fenômeno da natureza. Mas de que adianta um arco-íris no céu se você não está vendo, se ele não emociona você? Nada! É assim com a ideia também. É necessário achar e oferecer os melhores caminhos para que a ideia chegue às pessoas certas. As que vão entender o que você está falando e não vão achar que você é doido nem ter pena de você. É pra isso que se escreve, é para emocionar, fazer pensar, fazer sorrir, fazer chorar.

Ideias são atalhos que criamos para os sentimentos das pessoas. Todo mundo precisa delas porque normalmente estão tão preocupadas com a sobrevivência que não se dão conta de que estão aqui para viver e não sobreviver. É papel das ideias mostrar isso para o maior número de pessoas e da forma que elas forem capazes de perceber isso. Uma mesma ideia chega de várias maneiras às pessoas. Cada um entende a ideia como ele mesmo é. E ninguém é igual a ninguém. Lembra-se do arco-íris? Então, é igualzinho. Você vai ver o arco-íris da sua maneira porque isso depende de onde você está e dos ângulos da chuva, dos raios de sol e da sua visão. Um mesmo arco-íris são muitos.


Mas então porque você chamou esse texto de “Folha em branco”? Porque era assim que ela estava antes dessa ideia passar por aqui.


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