Tá com tempo? Sempre fui cobrado e de formas bem diferentes. Tinha um
pai que me cobrava que eu fosse inteligente e pragmático como ele. Tinha uma
mãe que me cobrava que eu fosse sensível e romântico como ela. Tive uma avó que
me dizia que o lema da vida dela era “o mínimo que você pode fazer é o máximo
que você conseguir”. Tudo isso entrava na minha cabeça de menino com força. Tentava
organizar as tarefas como se fossem dever escolar:
- Inteligência. Ler mais! Conversar mais! Resolver problemas
complicados! Pensar de várias maneiras sobre qualquer situação! Ser rápido com
o pensamento e se der tempo revisar antes de falar!
- Sensibilidade. Prestar atenção na natureza, humana ou divina! Ter fé!
Olhar nos olhos não apenas para saber de que cor são, mas para perceber o que
eles dizem! Tocar as pessoas sempre que possível para permitir que a energia
flua! Perceber que as pessoas tem cheiros diferentes, mesmo que o perfume seja
igual! Sorrir sempre! Prestar atenção nas crianças! Prestar atenção nos idosos!
Ler poesia sem tentar entender! Olhar quadros por pelo menos dois minutos sem
desviar a atenção para tentar ver o que não está lá!
- Romantismo. Mostrar para as pessoas que nada é mais importante que o
amor! Viver com entrega absoluta cada momento! Só namorar quando estiver
pensando em viver junto para o resto da vida! Dar valor às flores,
principalmente às do campo! Escrever e recitar poesias!
Fazer, no mínimo, o máximo. Repetir com esforço todos os dias as
práticas aí de cima, sem esmorecer, sem demonstrar fadiga, sem acreditar que algumas
coisas são impossíveis.
Meu objetivo de vida é quase o mesmo do Dom Quixote. Digo e sorrio. Me vejo
tolo muitas vezes e não desisto de ser tolo. Me sinto menino muitas vezes e
ainda sim me recuso a crescer. Cobro de mim mesmo a simplicidade de um sorriso
franco. Cobro uma verdade simples e absoluta, da qual às vezes chego a duvidar.
Cobro de mim mesmo a disposição para dar aos outros o tanto que aprendi.
“Isso tudo só faz sentido se for pra te fazer bem.”
Eu sei. Acredito nisso. Acredito que não me render ao momento ou às
conveniências me fazem mais forte. Acredito que não vale a pena ser mais um e
me conformar com isso. Acredito que ser diferente é o mais normal. Acredito que
amar é a única coisa que realmente faz sentido na vida. Por isso busco o amor sem
medir consequências. Meu único medo é que ele já tenha passado e ficado pra
trás, tão longe que eu não possa mais recuperá-lo. Mas, acredito sempre que o
melhor ainda está por vir.
Na verdade eu não me cobro. Eu me permito viver assim. Na verdade,
saber que tudo isso existe dentro de mim, que sou capaz de ser o dono do maior
amor do mundo, de sentir grande, de me emocionar com coisas simples, de chorar
de emoção, tudo isso me faz mais feliz, me faz mais realizado e pleno, ainda
que cheio de frustrações.
E segue o baile...
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