quinta-feira, 27 de junho de 2013

Por que você se cobra tanto?

Tá com tempo? Sempre fui cobrado e de formas bem diferentes. Tinha um pai que me cobrava que eu fosse inteligente e pragmático como ele. Tinha uma mãe que me cobrava que eu fosse sensível e romântico como ela. Tive uma avó que me dizia que o lema da vida dela era “o mínimo que você pode fazer é o máximo que você conseguir”. Tudo isso entrava na minha cabeça de menino com força. Tentava organizar as tarefas como se fossem dever escolar:

- Inteligência. Ler mais! Conversar mais! Resolver problemas complicados! Pensar de várias maneiras sobre qualquer situação! Ser rápido com o pensamento e se der tempo revisar antes de falar!

- Sensibilidade. Prestar atenção na natureza, humana ou divina! Ter fé! Olhar nos olhos não apenas para saber de que cor são, mas para perceber o que eles dizem! Tocar as pessoas sempre que possível para permitir que a energia flua! Perceber que as pessoas tem cheiros diferentes, mesmo que o perfume seja igual! Sorrir sempre! Prestar atenção nas crianças! Prestar atenção nos idosos! Ler poesia sem tentar entender! Olhar quadros por pelo menos dois minutos sem desviar a atenção para tentar ver o que não está lá!

- Romantismo. Mostrar para as pessoas que nada é mais importante que o amor! Viver com entrega absoluta cada momento! Só namorar quando estiver pensando em viver junto para o resto da vida! Dar valor às flores, principalmente às do campo! Escrever e recitar poesias!

Fazer, no mínimo, o máximo. Repetir com esforço todos os dias as práticas aí de cima, sem esmorecer, sem demonstrar fadiga, sem acreditar que algumas coisas são impossíveis.

Meu objetivo de vida é quase o mesmo do Dom Quixote. Digo e sorrio. Me vejo tolo muitas vezes e não desisto de ser tolo. Me sinto menino muitas vezes e ainda sim me recuso a crescer. Cobro de mim mesmo a simplicidade de um sorriso franco. Cobro uma verdade simples e absoluta, da qual às vezes chego a duvidar. Cobro de mim mesmo a disposição para dar aos outros o tanto que aprendi.

“Isso tudo só faz sentido se for pra te fazer bem.”

Eu sei. Acredito nisso. Acredito que não me render ao momento ou às conveniências me fazem mais forte. Acredito que não vale a pena ser mais um e me conformar com isso. Acredito que ser diferente é o mais normal. Acredito que amar é a única coisa que realmente faz sentido na vida. Por isso busco o amor sem medir consequências. Meu único medo é que ele já tenha passado e ficado pra trás, tão longe que eu não possa mais recuperá-lo. Mas, acredito sempre que o melhor ainda está por vir.

Na verdade eu não me cobro. Eu me permito viver assim. Na verdade, saber que tudo isso existe dentro de mim, que sou capaz de ser o dono do maior amor do mundo, de sentir grande, de me emocionar com coisas simples, de chorar de emoção, tudo isso me faz mais feliz, me faz mais realizado e pleno, ainda que cheio de frustrações.


E segue o baile...

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