terça-feira, 25 de junho de 2013

Mágica

Que existe mágica no ar, o menino não tem dúvidas. A energia circula como o vento. Levando e trazendo sentimentos difusos que estão por toda parte. Sentimentos não tem forma, não tem cheiro e se espalham por toda parte. Ele tem até medo de levar uma lufada de mau-humor numa esquina da vida, mas nem por isso deixa de andar pelas ruas.

O menino pensa que se o coração estiver aberto para sentir, ele poderá “dar terra” na energia. É como a eletricidade. Se você ficar no caminho ela passa por dentro de você até encontrar o chão, mesmo que você, por conta disso, saia um tanto chamuscado.

O amor, para o menino, é uma espécie de eletricidade mágica que, em princípio, não machuca e que tem até propriedades curativas e milagrosas. O amor forma um círculo mágico que protege duas pessoas de qualquer coisa. Não tem falta de dinheiro capaz de entrar no meio desse círculo, não tem problemas e brigas familiares capazes de romper a mágica. A única forma desse círculo mágico se romper é de dentro pra fora.

Assim, o menino seguiu sua vida procurando a mágica por entre os ventos que encontrou. Os sinais podiam estar em qualquer lugar. Podia estar em um cheiro especial, daqueles que a gente guarda no fundo da memória e que fica tentando cheirar de novo a vida toda. Podia ser em um toque, um simples encostar de uma pele na outra e isso bastaria para se perceber o amor. Podia ser numa palavra. A “palavra” que dita na hora certa serviria como chave que abre o coração do outro.

A mágica sem forma e sem cor é absolutamente perceptível aos que amam e só a eles. Só os apaixonados conseguem ver um coelhinho na lua em noites de lua cheia. Só os apaixonados são capazes de colocar sentimentos nas flores que entregam. Só os apaixonados tem pressa de chegar logo o momento de ser recebido na porta de casa com um sorriso. Os apaixonados entram em sintonia e, se prestarem atenção, começam a viver em sincronicidade. Um pensa e o outro fala, um lembra e o outro sabe.

É daí que vem toda a dificuldade do menino com as relações que precisam ser pensadas e pesadas. Por que pensar sobre a mágica? Pra que pesar a mágica? Por que as pessoas tem tanto medo de acreditar e de viver a mágica? Por que dizem ao menino que ele precisa crescer e viver apenas da realidade? Ele não entende. Nunca entendeu e nunca quis viver assim e por isso sofreu tanto por amor.

Quantas vezes o menino se viu entre o caminho da realidade e o caminho da mágica. Poucas foram as em que ele optou pela realidade. Pra ele a realidade é como o fogo que queima, aquece, mas que também machuca e se extingue. Pra ele a mágica é como o ar que alimenta o fogo, acaricia os rostos, passeia sem limites por qualquer espaço e entra sem pedir licença por qualquer fresta.


É o que ele pensa.

Um comentário:

  1. A realidade é quem paga as contas, meu caro... É ela tb que cuida das questões da vida prática. Sem ela estamos perdidos, mas APENAS com ela estamos mais perdidos ainda. Ninguém vive só de mágica, mas nem por isso ela deixa de ser imprescindível. O ideal é equilibrar uma dose de uma com a outra, misturar com sonhos, temperar com desejos e... voilá! Teremos uma existência plena e feliz. Será que é possível? :) Bjs!

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