quinta-feira, 27 de junho de 2013

Cabeça no Travesseiro

Engraçado. Vim pra frente do computador cheio de vontade de escrever, de colocar as fantasias no tec tec tec do teclado. Sento na frente dele e nada acontece. Começo a digitar na esperança de que as palavras achem seus caminhos e que juntas façam algum sentido.



Comentei sobre esse blog outro dia e recebi uma reação engraçada. Eu disse algo como: - Estou escrevendo um novo blog, escrever me faz bem, me ajuda a me entender e a botar pra fora! E ouvi algo como: - Que ótimo! Quem sabe assim você toma posse das suas fantasias pra você mesmo e para de distribuir as fantasias para os outros.



Tenho tentado fazer isso. De noite, quando coloco a cabeça no travesseiro e apago as luzes, deixo minha cabeça voar solta, sem freio nenhum. Ontem mesmo fui dormir cedo e resolvi praticar um pouco disso. Disse minhas orações e pedi pelos que peço sempre e depois me deixei voar.

Em pouco tempo minha cabeça já não falava mais de coisas reais. A dona Fantasia toma logo conta e vejo gente que não conheço falando sobre coisas que não entendo. As memórias do dia ficam buscando um lugarzinho pra se acomodar. Umas vão ficar, outras vão sumir. A cabeça vira uma grande confusão entre o que está acontecendo, o que aconteceu e o que nunca vai acontecer. É como se os pensamentos fossem pessoas chegando para uma sessão de cinema que passa em forma de sonho, depois que todos estiverem acomodados.

Os pensamentos profissionais sentam lá no fundo. Os familiares mais pra perto. Os emocionais nas primeiras filas. Todos falam sem parar porque as luzes da cabeça ainda estão acessas. De repente as luzes e as vozes diminuem ao mesmo tempo. O silêncio é quebrado pelo sonho que começa sem começo e todos os pensamentos passam a prestar muita atenção.

Na tela/no sonho, pessoas que passaram pela vida surgem em flashes. Tem a menina da minha infância, tem meu pai, tem o motorista da minha mãe de quando eu era garoto, tem os amigos de sempre e tem até a participação especial do grande amor.

Em um determinado momento, um diálogo tem início. Ouço conselhos de uma senhora mais velha que repete com um ar quase desconsolado: - Já não falei pra você parar de sonhar? Vou falar de novo. Não adianta nada as pessoas acharem que você é ótima pessoa, que você é sensível, que você é isso ou aquilo se você não estiver muito feliz. Para de procurar a felicidade aqui no meio dos seus sonhos. A felicidade está no seu dia-a-dia, na sua vida lá fora. Para de sonhar com a lua cheia ou com o arco-íris e vai pra rua ver a lua cheia e o arco-íris. E com uma dose de carinho, muda o tom de voz pra me dizer em seguida: - Seu caminho é lindo, pode ir em frente, vamos continuar aqui.

Acordo incomodado em um sobressalto. O que será que ela quis dizer? Me pergunto, para rir em seguida dizendo para mim mesmo. Ela não quis dizer, ela disse.


E volto a dormir tentando sonhar com a lua cheia e com o arco-íris.

Nenhum comentário:

Postar um comentário