A vida é uma grande brincadeira de roda, perfeita pra quem acredita ser
um menino e se dispõe a encarar o que vier pela frente com um sorriso no rosto.
Tudo começa com um entrelaçar de mãos, várias mãos. Alguém puxa a música e você
começa a rodar em torno do nada, vai para um lado e depois vai para o outro, e
ri, ri muito. Vai para frente e vai para trás, sem nunca soltar as mãos e sem nunca
esquecer o sorriso.
Seu espírito cantava junto com você e você sequer se dá conta disso. Hoje,
você acha que não é você a criança da sua memória, mas é! Era você na sua
essência que rodava, que cantava e que sorria. Hoje, você que não faz mais
isso, acha que é coisa daquele tempo em que você era ingênuo, tolo, infantil,
etc. e se esquece de que também era feliz, muito mais feliz do que é hoje.
Por isso existe em mim um menino que escreve e que põe para fora o
sentimento ingênuo, tolo e infantil que me trazem de volta a felicidade dos
dias de ciranda. É difícil para os outros que não são mais nem ingênuos, nem
tolos, nem infantis entenderem que existe gente como eu (e o meu menino
interno) que prefere ser assim. Negar essa existência faz supor que por trás
das coisas que escrevo existe uma mente maquiavélica em busca da oportunidade
de seduzir, de se mostrar, de ser curtido e compartilhado. Sei, sei. E o
ingênuo, tolo e infantil sou eu. Tá certo. Só rindo.
Muitas vezes na vida o menino apanhou feito gente grande. Ouviu palavras
que não merecia ouvir, foi questionado, ridicularizado, rejeitado e teve que
ficar de castigo. É a forma que algumas pessoas encontram para matar o menino. Duvidar
da sua existência torna mais fácil sair de dentro da roda e ir brincar de
adulto, que por sinal é uma brincadeira muito chata.
Mas a ciranda de roda segue rodando. A música segue convidando as
pessoas a cirandar, a dar a meia volta ou a dar a volta e meia. E o menino
segue a vida rodando e cantando e sorrindo.
Por mais ingênuo, tolo e infantil é essa a vida que ele escolheu.
Vamos todos cirandar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário