quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Alvorada
Minha cabeça vai a toda... dispara na frente. Segue seu rumo sem se dar ao trabalho de me dizer pra onde está indo. Quanta coisa cabe aqui dentro, impressionante. Coisas que começam a acontecer na alvorada (adoro essa palavra). Tomam forma enquanto tomo a primeira das três necessárias canecas de café. E voam. Saem pela janela na forma de pássaros ou de borboletas azuis ou amarelas.
Quando me dou conta, estou em frente a um teclado. Visitando minhas lembranças. Procurando as razões das coisas serem como são, como se elas existissem de fato e escrevendo qualquer coisa que me ajude a me entender. Escrevo apenas para ler minhas palavras. Não as meço, as absolvo.
Música é um começo. Nina Simone vem me fazer companhia. Conta a história de um certo senhor Boojangles, diz que my baby just cares for me, confessa que put a spell on you e segue aveludando o ar que respiro. Um lindo piano faz a base, mas é ela que colore o som.
Insisto em não olhar para o meu coração confuso e complicado. Insisto em negar para mim mesmo o óbvio e sigo na busca do impossível, de novas fantasias, novos mundos, novas palavras, novos encontros. Inútil, eu sei. Mas não me restam opções. Sigo negando o óbvio sentimento solitário. Sigo de olhos abertos para não olhar meus sonhos. Sigo na realidade para não pensar na doce fantasia. Sigo e sinto.
Melhor voltar a atenção para todo o trabalho fascinante que me aguarda. Esquecer o por do sol, esquecer o som das ondas, esquecer apenas...
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